sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Planejando a viagem

Há muito tempo estamos sonhando com esta viagem.
Depois de muitos planos e organizações, decidimos fazer  Porto Alegre / Ushuaia de carro.

Pesquisamos vários sites e blogs com dicas.
Alguns gostamos mais e nos ajudou muito. Segue o endereço:

https://decarronaestrada.wordpress.com/roteiro-3-fev12-relatorio-de-viagem/
http://felipeopequenoviajante.blogspot.com.br/search/label/Argentina

A maioria dos viajantes optam por descer pelo litoral argentino até a Terra Del Fuego e retornam pelo mesmo trajeto.

Optamos por descer pelo lado da fronteira da Argentina com o Chile e retornar pelo litoral argentino.

1º Dia - Porto Alegre / Colón- Argentina - 845 km

Saímos cedinho, tipo 6:30hs.



Nossa rota traçada foi BR 290 até Rosário do Sul e BR 158 até Santana do Livramento.
Entramos no Uruguai por Rivera e seguimos pela Ruta 5 até Tacuarembó, depois Ruta 26 até Paysandu, divisa do Uruguaia com Argentina.

De Tacuarembó à Paysandu pegamos um temporal "daqueles", mas nada que uma redução de velocidade e atenção redobrada não resolva.



Cruzamos a bela ponte e chegamos em Colón na Argentina.

Chegamos ao anoitecer em Colón (20:00 hs). Cidade "muy simpatica", cheia de gente na rua, bem agradável.
Ficamos no Centro Apart Hotel, atendidos pelo simpático "Jorge", que mostrou que são bem confiantes nas pessoas, coisa de cidade de interior... bem legal.
Jorge nos indicou o maravilhoso restaurante Bocatto, na esquina em frente ao hotel. Maravilhoso, maravilhoso...
Se ficássemos 10 dias em Colón, iríamos 10 dias neste restaurante. Cardápio variado, ambiente bonito e aconchegante e preços muito "convidativos".


2º Dia -  Colón / Santa Rosa - Argentina - 837 km
Partimos às 7:30 hs de Colón, tudo muito tranquilo, deixar a chave e o controle do portão da garagem no quarto, bater a porta e "tchau".
Pegamos a Ruta 14 até Campana. Abastecemos, café da manhã e rumo à Ruta 5, reta sem fim  (+/- 450 km) de fazendas maravilhosas.

Hoje só sol, paisagens de impregnar a alma, lindas plantações de girassóis e flamingos cor-de-rosa para brindar nossa viagem.


 Chegamos em Santa Rosa às 17:30hs, cansados, mas valeu cada km rodado.


3º Dia -  Santa Rosa / San Martín de los Andes - Argentina - 985 km

Saímos às 7:30 hs (horário argentino, não tem horário de verão) de Santa Rosa rumo à Patagônia, 545 km até Neuquén, mais 440 km até San Martin de los Andes.
Pegamos a ruta 35 até a entrada para a ruta 152, em direção à General Acha, depois em Caranchos (quase nem se nota passar por ela, pq é minúscula), seguimos pela ruta 143 rumo à 25 de Mayo.
Neste trecho da ruta 143, simplesmente não tem nada, mas nada mesmo. Atenção para o combustível e sempre alerta com o cansaço. Várias placas no caminho fazem esta advertência.

Esta parte da viagem é muito linda,  viva a diversidade. 
Saímos de campos produtivos da Província de La Pampa, para paisagens quase bucólicas de deserto, com sua vegetação típica, que olhando ao infinito, parece uma mar verde.




É sempre magnífico viajar por onde a natureza impõe sua grandeza.

Algumas paradinhas para lanchinhos, outras para controle sanitário nas fronteiras de províncias.

Chegando em 25 de Mayo, entra-se na província de Neuquén e a partir daí mais estradas infinitas pelo deserto.


Nesta parte é "tacale pau Marco véio" a 130/140 km/h, pois as estradas são retas sem fim.
Nunca imaginávamos que o piloto automático do carro seria tão útil.

Pela ruta 151, se viaja por uma região petroleira e avista-se várias bombas de extração de petróleo.


Até que começam as curvas dos contornos das montanhas, que nos avisam que o mais lindo está por vir.

Muita atenção quando se chega nesta parte, pois se vem num ritmo forte e necessita diminuir e aumentar a atenção.

A partir dai, se inicia um conjunto de paisagens que nos deixam sem sono, sem palavras, só o Dioguinho, está com fome (que novidade) e ansioso para chegar.






Pela ruta 237, depois de Neuquén e chegando  à San Martín de los Andes, tudo passa a ser um conto de fadas, pois a cidade é um pedaço da Suíça na América, além de tudo, fica na beira de um lindo lago. Casinhas e comércio de encantar qualquer um.

Foi uma delícia chegar e já sair a passear por suas ruas. Mal largamos as bagagens, xixi e de novo rua, jantar ao anoitecer, 22:30 hs , que maravilha ... sim, anoitece essa hora.








Apart Hotel Chapelco, onde nos hospedamos

De volta ao hotel, banho e cama, porque,com certeza, teremos um dia lindíssimo pela frente.


4º Dia -  San Martín de los Andes / Bariloche - Argentina - 194 km

Acordamos cedo, como de costume, um bom mate uma apreciada no Lago Lácar, que embeleza mais ainda a cidade e uma bela até o supermercado para garantir um delicioso café da manhã. Não se esqueça de levar suas sacola para carregar suas compras, senão, carregará tudo na mão. Os supermercados da Argentina e Chile não fornecem mais.



Vista da janela de nosso Hotel

































Fechar as malas e ir embora de nosso agradável apart em San Martín de los Andes.

Tudo inicia com o lindo Lago Lácar , Machónico, Falkner, Villarino, Escondido, Correntoso e Espejo, neste último até uns argentinos pirados estavam tomando banho. Está fazendo muito frio e é uma região de muito vento.





Neste trecho até Vila La Angostura, uma coisa nos chamou a atenção, o enorme número de ciclistas pela estrada.
São subidas forte e depois descidas, pois estamos nas montanhas e os caras dele a pedalar, mas não é um ou outro, são vários que tu encontra ao longo do caminho. Os caras gostam mesmo deste esporte.

Indo em direção à Villa La Angostura, o Pupi - com seu olho clínico e a velha regra de estrada, que onde tem vários carros estacionados em um restaurante é porque é bom - descobriu um pequeno restaurante chamado "Placido". Maravilhoso e ambiente muito agradável.
Saboreamos deliciosos sorrentinos e "trucha" (truta), tudo regado a um bom vinho. Espero que nenhum "azulzinho" esteja lendo isso.

Neste trecho da ruta 40 tem 13 km com rípio (chão), por estar em obras.

Villa La Angostura

Chegada em Bariloche, muito frio, direto ao hotel e uma Boa Noite.


5º e 6º Dia -  Bariloche - Argentina

Bariloche é uma cidade encantadora, na beira do lago Nahuel Huapi e cercada por montanhas enormes com uma vegetação muito linda.
Certas montanhas, ainda nesta época, tem seus picos brancos de neve.

Começamos a ter noção do frio que nos espera, pois fez temperaturas de 8° a 9° , mas o vento... o vento... derrubava a sensação térmica nos deixando quase congelados em pleno final de ano e início do verão.

Visitamos o Cerro Otto que tem uma bela vista de Bariloche, vale a pena.





















Outro passeio imperdível é o Circuito Chico. É uma caminho que segue margeando o Lago Nhuel Huapi, até chegar ao Hotel Llao Llao, que fica em cima de uma colina, de frente para o lago.

Segue-se pelo caminho do circuito chico, por sua estradinha no meio dos bosques, na qual se tem a sensação de estar entrando em uma floresta encantada de contos de fadas.




7º Dia -  Bariloche / Esquel - Argentina - 286 km

Deixamos Bariloche, rumo à Esquel, ao sul.
O Ano Novo nos recebeu com um dia fantástico. Céu azul, sem vento, sol maravilhoso.

Após uma pequena perdidinha na saída de Bariloche, pois não tem sinalização indicativa, tomamos o caminho certo , pela rura 40. Um defeito nas estradas argentinas é que são muito mal sinalizadas.

Descendo cerca de 36 km, à direita, tem a entrada para Pampa Linda, no pé do Cerro Tronador (3.478 m).
Entramos pela estradinha de chão, que mais parece uma trilha do que um estrada. É um passeio demorado, pois até Pampa Linda são 40 km. Tem que dirigir com muita atenção, mas é tudo compensado pelo lindo visual do lago Mascardi e depois quando se chega próximo ao Cerro Tronador, simplesmente, o deslumbramento é enorme.




Cerro Tronador - 3.478 m.


Um pequeno detalhe nos aconteceu e vale registrar.
Quando entramos na estrada de chão rumo à base do Cerro Tronador, não vimos que tem horário de ida e horário de volta. Das 9:00hs às 16:00hs, só é permitido ir em direção ao cerro. Para voltar, somente às 16 hs. Pois para nossa surpresa, ao querer voltar às às 13:00 hs, fomos barrados na "Gernarderia" (posto do exército argentino), que não permitiu nosso retorno e nos informou sobre os horários.

Em todos folders e materiais sobre  a visita ao cerro, nunca mencionam os horários.

Tivemos que ficar parados até às 16:00 hs, para poder retornar e ainda tínhamos 250 km pela frente até Esquel.

Mas, apesar de tudo isso, sempre tem o lado bom. Se tivéssemos visto a placa sobre horários de ida e volta, com certeza, não teríamos ido fazer este passeio. No fim deu tudo certo, chegamos à tardinha em Esquel e com o prazer de ter passado um dia maravilhoso diante de um gigante tão belo.

Depois, 250 km de asfalto maravilhoso e vistas para as montanhas que é um verdadeiro deslumbramento, andando pela pré-cordilheira e babando com montanhas, curvas, enfim, infinitos visuais.

Em Esquel. ficamos em uma cabana, cujo a proprietária era "muy simpatica", jantar (nada de mais) e caminha, porque amanhã tem mais.


8º Dia -  Esquel / Coyhaique -  Chile - 606 km

Cafezinho cedo e maravilhoso, feito na nossa cabana, arrumar as malas, trocar a lâmpada do farol que queimou e tchau Esquel.

Partimos e seguimos pela ruta 40, em direção ao sul. Linda estrada, belíssimo visual, com montanhas, depois deserto.




Hora da motora Pupi assumir a pilota por uns 400 km.

A estrada é boa, porém depois de uns 250 km, estão em obras e pega-se um desvio de chão com muito cascalho. São trechos de 10/15 km, mas é bem chato.

Atenção para as sinalizações, pois são deficientes na Argentina.

No mais a viagem é uma delícia, saindo das montanhas até chegar ao deserto da Patagônia, onde só os fortes sobrevivem.

Fomos à Rio Mayo , sempre pela 40. Uma cidade tipicamente milita, porque estamos perto da fronteira.
 
A partir dali é o drama...

São 190 km de (rípio) chão, mas muito ruim, com muita pedra e onde não se pode ultrapassar os 50 km/h.
Foi onde vimos uma cena dantesca, um cavalinho branco, mas branco mesmo, abandonado no meio do deserto... pobrezinho, ele nem se mexia mais, terrível, somente virou a cabeça para nos olhar. O pior é saber que não se pode fazer nada.

Não víamos a hora de passar a fronteira e chegar ao Chile até a cidade destino.




Esta parece que foi uma pequena amostra do que tem por vir, em relação a estradas de rípio.

Quando se aproxima da fronteira,  vai mudando o relevo e a vegetação, passando a mostrar belíssimas paisagens, parece que para confortar o trecho de estrada ruim.

Chegamos em Coyhaique à tardinha. É cidadezinha pequena, na qual nos deixou sem janta, pois ao sairmos, à noite, em busca de um restaurante, os poucos que existiam, estavam fechados. Retornamos para a Hosteria e foi dormir.
Valeu mesmo foi pela simpatia do dono do hotel, Victor, chamado pelos funcionários de Don Victor.


9º Dia -  Coyhaique / Puerto Rio Tranquilo -  Chile - 217 km

Partimos para Puerto Rio Tranquilo, pela ruta 240 em direção a Villa Cerro Castillo.

Uma estrada belíssima que vai contornando os morros, pois estamos no Andes, passando em meio a uma reserva  com Humuel, que não conseguimos ver nenhum.
Humuel é um cervo que está em extinção e calculam em 1.500 espécies que restaram.

Acabou a fase de reta intermináveis, nesta parte do trecho vamos, literalmente se "embrenhando" entre as montanhas, enquanto vamos nos maravilhando com o visual.

Para cada lado que se olha, não se sabe ao certo se é um cartão postal, uma pintura ou um sonho de tão lindo que é.

Se aproximando de Villa Cerra Castillo, começa-se a avistar o Cerro Castillo, uma montanha que pelo nome já diz, parece com um castelo.

Cerro Castillo - 2.675 m

A partir dai, vem o drama...
Depois de Villa Cerro Castilho, acaba o pavimento e começa o rípio. São 120 km de chão até Puerto Rio Tranquilo.

Os 40 km iniciais são horríveis.
Estrada com muita pedra, pois são abertas na encosta das montanhas que são rochosas.
Não se consegue colocar 4ª marcha e a velocidade não passa de 50 km/h.

Depois melhora, tendo trecho que o piso é de chão batido bem lisinho que até parece uma cancha de Bocha ou uma mesa de bilhar, mas alternando com trecho com muitos buracos.



É muito cansativo, mas quando se chega, começa-se a perceber que valeu cada metrinho de estrada.







Puerto Rio Tranquilo é uma vila com 425 habitantes que fica às margens do Lago Gal.Carrera. É o maior lago do Chile com 970 km quadrados. Este lago é binacional e faz fronteira com a Argentina onde se chama Lago Buenos Aires.

Este é o lago com maior profundidade da América, chegando a 4.000 m.

Sua água tem um azul mais intenso que o céu.

Na chegada, já paramos no primeiro ponto onde saem barcos para visitar as Catedrais de Mármore.
É um passeio de 1:30 hs, onde certamente, a emoção e o deslumbramento afloram.








Pedra Cabeça de Cachorro







Esculpidas cuidadosamente pelas águas, as paredes de mármore formam uma paisagem única em contraste com o azul do lago. O reflexo da luz do sol na água provoca um show de luzes visto em poucos lugares do mundo.



10º Dia -  Puerto Rio Tranquilo / Perito Moreno -  Argentina - 230 km

Acordar com muita tranquilidade, estamos contagiados pelo ritmo de Puerto Rio Tranquilo. Tomar um café, arrumar as cositas e partir para 170 km de rípio em uma estrada que só vendo para crer.

Foram 4:30 hs de puro extasiamento, é tanta beleza que nossa alma, espírito, corpo físico, enfim , tudo está em estado de encantamento.
Meu Deus, como descrever ?


 


















Alguns trechos nos deixaram um pouco tensos, afinal uma estrada de puro rípio, com precipícios de arrepiar e partes onde só passa um coche, não é fácil.








Mais 60 km.após fazer as duas aduanas, Chile e Argentina, chegamos em Los Antiguos.

Fomos almoçar em um simpático restaurante chamado Viva El Viento, alusão ao que mais tem aqui... o vento forte.

Neste período acontece a festa da cereza nesta cidade.

Mais 60 km de asfalto e chegamos a Perito Moreno, onde nos hospedamos no Hotel Kelman, aberto há apenas um mês, mas muito gostoso.


11º Dia - Perito Moreno - El Calafate - Argentina - 620 km

Acordar cedinho, se preparar e partir para El Calafate. Noite não dormida muito bem, pois o vento patagônigo fazia muito barulho.

Nos preparamos com comida, água  e espírito aventureiro, pois sempre soubemos que seria um trecho terrível, de muito rípio e sem nada na estrada, principalmente gasolina.

Pois todo esse mito e temor foi se acabando a cada quilômetro rodado.

A estrada é maravilhosa, paisagens deslumbrantes e começamos a ver os primeiros guanacos. Bichinho muito simpático que para e fica te olhando de uma maneira muito engraçada. Passamos a chamá-los carinhosamente de guanaquitis.


































Partindo de Perito Moreno, a primeira vila que se chega é Bajo Caracoles, realmente bem pequeninha e com um posto de gasolina, que havíamos lindo relatos que nem sempre tinha gasolina.

Ruta 40 rumo a Gobernador Gregores ... Maravilhosa!




Chegamos a Gobernador Gregore (350 km) e nos surpreendemos com a cidade. Tem local para ficar, combustível, comer.

Tanque cheio, barriga bem alimentada, é hora de estrada novamente.

O trecho até El Calafate está sendo pavimentado. A maior parte é todo de asfalto, porém tem trecho que estão trabalhando e usa-se um desvio em torno 120 km.
Dentro de dois a três anos, esta estrada estará totalmente pavimentada e será uma delícia.



Lago Argentino que margeia El Calafate. A água de de uma cor verde que não se encontra em nenhum estojo de canetinhas


Chegando em El Calafate, fomos nos informar do nosso hotel e já demos de cara com o "El Tablita", famoso restaurante que serve um dos "mejores corderos patagonicos". Fica bem em frente ao quiosque de informações turísticas, ao lado da ponte, entrada da cidade.

Preparem-se para o vento.
Nem pense em sair todo penteadinho, porque o vento não deixará.


Viento ... mucho viento !


O gostoso nessa época é que anoitece bem tarde, 22:20 hs, as vezes a gente até se perde com o horário.


12º Dia -  El Calafate

 Dia de visitar o Parque Nacional Los Glaciares.

Uma estrada maravilhosa de 70 km até o parque, sempre beirando o Lago Argentino, que margeia El Calafate e tem sua cor de  verde que não se encontra em nenhum estojo de canetinhas. Lindo mesmo.

No parque é tudo bem organizado e bem orientado.
Na entrada, o orientador cobra (150,00 pesos por pessoas) e já dá as instruções e folder.
Gratificante chegar a um local assim, onde o mais importante é preservar aquilo que realmente vale ... a natureza.



Até a portaria dá uns 45 km de El Calafate, depois, mais 27 km dentro do parque até o Glaciar Perito Moreno.

Deixa-se o carro em um estacionamento bem orientado e pega-se um ônibus até as passarelas.

O glaciar é de deixar todo mundo impressionado.
Desde o primeiro momento, pela estrada, quando se avista ele no sugestivo mirador "Los suspiros", não tem como não suspirar.
A imagem parece uma grande onda de gelo. Espetáculo!























































13º Dia -  El Calafate  / Torres Del Paine  - Chile - 350 km


Dia de partir para a fronteira com o Chile, rumo às Torres del Paine.

Saimos de El Calafate, pela ruta 40, rumo à La Esperanza, entroncamento das rutas 40 e início da ruta 5.

Seguimos para a direita, rumo à Rio Turbio, pela ruta 40.
La Esperanza é pertinho de El Calafate, mas vale a pena, completar o tanque para entrar no Chile.



Rumo à fronteira, por Cerro Castillos, passamos por Tapi Aike, que dizia que tinha gasolina...
Ledo engano. Paramos no posto, buzinamos e nada.
Na verdade, esse postos pequenos da Argentina é um dois e não tem combustível.


Oba! Gasolina ... Fechado, sem gasolina.


Chegando na fronteira é sempre aquela chatice.
Primeiro aduana argentina, depois aduana chilena.

No que passar a aduana chilena, não deixe de conhecer o El Ovelejo.
É uma bar, restaurante e lojinha muito legal.
O proprietário é uma figura, sempre de boina, inconfundível ... Baita astral.

Se precisar, tem combustível e câmbio, a cotação é justíssima.

Nos indicou como chegar em nossa cabana.

El Ovelejo ... Vale uma paradinha.


Fizemos uma reserva em um hotel dentro do parque, em Rio Serrano, umas cabanas bem legais às margens do Rio Serrano, mas tem coisas que são " Mastercard", não tem preço. Jantar com um vinhozinho, em um lugar quentinho, apreciando as torres até às 22:30 hs é muito bom.

O local é dos sonhos, dá vontade de não sair mais de lá.

É um cartão postal que você se insere nele.
O  local é deslumbrante.







Chegamos ao parque e fomos dar um passeio para avistar o Lago e o Glaciar Gray, mas era muito vento, frio e o glaciar não é tão fácil de ser visto.



14º Dia -   Torres Del Paine / El Calafate  - 350 km

O dia amanheceu cinza. Algumas vaquinhas pastando em frente a cabana, dando um ar campestre.

Partimos para um passeio aos mirantes, mas infelizmente o dia não ajudou. Estava muito fechado e as vezes caia uma chuva.

Fomos passeando pelo parque e decidimos rumar a El Calafate.
No caminho vimos muitos guanacos. Em um momento , nos aproximamos de um bando , mas eram muitos. Uma coisa impressionante.

PARQUE NACIONAL TORRES DEL PAINE É UM LOCAL A VOLTAR COM CERTEZA E APROVEITAR MAIS QUE UM DIA. O PARQUE É MUITO GRANDE E VALE A PENA.

Depois de parar nas duas aduanas, que hoje estavam muito cheias, é seguir viagem.

Agora temos problema com gasolina. Não temos o suficiente para chegar em El Calafate. 
Depois de passar Tapi Aike e não ter gasolina, nossa esperança é La Esperanza... coincidência.

O único posto da cidade, não tinha combustível, estava aguardando chegar o caminhão.
Então, é estacionar, fazer um lanchinho e esperar e eis que aponta o caminhão da YPF.


15º Dia -   El Calafate  / Rio Gallegos - 304 km

Acordamos com toda calma do mundo e sem pressa, nosso próximo destino estava a pouco mais de 300 km e seria bem rápido de chegar.

Então resolvemos voltar apreciar mais um pouco do Glaciar Perito Moreno.
Realmente é um local que não se cansa de curtir toda aquela maravilha.


]



 Saindo do Parque Nacional dos Glaciares, o Diogo matou a vontade de comer um crepe de "dulce de leche" no Viva La Pepa. Um resto bar que é sensacional, vale a pena. Fica no início da San Martin, à esquerda, assim que chegar a uma pracinha.
Tudo é muito caprichado, colorido e alegre. Fomos duas vezes.



Às 17:00 hs, pegamos a estrada, agora, rumo ao litoral. Rio Gallegos.

Chuva forte na chegada e fomos direto jantar no restaurante do Clube Inglês. Bem tradicional e muito bom.

Ficamos no Hotel Aires Patagônicos, hotel bom, tradicional dos viajantes à Tierra del Fuego.

Durante a madrugada, caiu um temporal de assustar. Acordamos no meio da noite, era água e vento terríveis.
Passa mil coisas na tua cabeça ... como vamos cruzar o Estreito de Magalhães?  Não vamos conseguir chegar a Ushuaia? Com essa chuva, como vamos fazer o rípio do Chile?

Mas amanheceu sem chuva e foi tranquilo.


16º Dia -   Rio Gallegos  / Ushuaia - 600 km


Pegamos a estrada rumo à fronteira com o Chile.
Vento forte e dia lindo. Estrada maravilhosa até a fronteira.

Na primeira aduana se passa reto. Nesta fronteira as aduanas estão integradas, então na segunda, que seria a do Chile, se faz saída da Argentina e entrada no Chile. Mas não tivemos sorte neste dia.
Não sei se foi por ser um sábado de manhã, mas a aduana estava lotada. Perdemos quase duas horas nos trâmites. Que saco.
Na verdade, essa história de Mercosul, não serve para nada. Se somos desta comunidade, deveríamos ter livre acesso entro os países que compõem o bloco.

Entramos no Chile.
Até o Estreito de Magalhães é tudo asfaltado e estrada boa.

Para cruzar com o ferryboat é barbada e rapidinho. Em torno de 30 minutos já estamos do outro lado.

A partir dai, tem um pouco de asfalto e muito rípio. Dizem que já foi pior, pois estão pavimentando as estradas e tem parte com asfalto. Se faz em torno de 100 km no rípio.

Um detalhe nos chamou a atenção.
Na beira da estrada, as vezes você vê umas placas alertando para "campo minado". De assustar.






Depois de aduana do Chile, aduna da Argentina e uma pedra no para-brisas que deixou uma marca, mas não trincou ele todo, estamos de volta ao asfalto. Que delícia.


Vento, muito vento mesmo, mas estrada muito boa até Rio Grande, onde paramos para um lanche.

Depois mais 230 km e chegamos à Ushuaia.
Nos ultimos 100 km, tem que atravessar a cordilheira.
Ushuaia é a única cidade trans andina da Argentina. Linda estrada e belas emoções.

Missão cumprida, chegamos à Ushuaia, viagem bem cansativa, 10 horas para fazer 600 km.


17º dia - Ushuaia

Dimingão, coisa boa.
Acordar tranquilo e fomos para o centro da cidade e já começamos a nos encantar.

Ushuaia tem um clima ríspido, uma história muito particular e pessoas muito agradáveis. Suas casas são coloridas, com um estilo próprio, típico com nome e sobrenome ... são únicas.
Muito gostoso passear em um local assim.
















Almoçamos em um restaurante na beira do Estreito de Beagle, chamado Tante Ninna.
Excelente comida.

Três pratos são imperdíveis de provar, a centolla, a merluza negra e a truta.

Comemos um ceviche de centolla, MARAVILHOSO, merluza negra e truta. Tudo muito bom.

Fomos atendido pelo simpático João. Um carioca que fez de Ushuaia a sua terra para morar. Não se pode tirar a razão dele, porque, apesar do frio castigante, é uma cidade encantadora.

Depois fomos conhecer o museu do presídio, um capítulo à parte.

Ushuaia tem uma história particular.
Entre 1890 e 1920, a Argentina tem muito imigrantes vindos de toda parte do mundo.
Com o crescimento da população, aumentou a criminalidade e os presídios começarama lotar.

Decidiram construir um presídio na Tierra del Fuego, para criminosos reincidentes, também para povoar esta região.
Com a construção do presídio, a região começou a se desenvolver e ter suas necessidades básicas, como padaria, ferreiro, estradas, etc.

Ou seja, a partir de um presídio, Ushuaia foi se desenvolvendo.



Vale a pena visitar este museu, não só por nos fazer viajar para um período importante da história da cidade, mas por ter alas que contam sobre navegações, arquitetura da cidade, oficina de artistas, com várias miniaturas de barcos e casas.

À tarde fomos visitar o Parque Nacional Tierra del Fuego, onde se chega ao final da Ruta 3, Lapataia, que faz fronteira com o Chile.




O parque é muito grande e tem vários locais para visitar, fazer trilha, cachoeira, lago, etc.

Visitamos o Lago Acigami, muito lindo, rodeado de montanhas que protegem do vento e deixam a água como se fosse um espelho.



Passeando pelo parque uma linda raposa cruzou nosso caminho lentamente e ficou nos olhando.



Uma das coisas mais marcantes no parque foi o Correio del Fin del Mundo, onde mandamos um postal para nossa filha Marina e fizemos nosso passaporte, onde assinamos que prometemos viver sem direitos e obrigações, só disposto a viver em liberdade, fazendo o que der vontade, amando os espaços naturais e os valores humanos. Muito bom ...

"El cartero del Fin del Mundo és un senor  formidabile". Inesquecível sua casinha de trabalho, sua churrasqueira feita de bujão de gás, seus postais, enfim, tudo muito legal.





Churrasqueira feita de bujão de gás

À noite passeamos no centro, jantar pizza, pasta, encontrar motoqueiros brasileiros (gaúchos), que é o que mais tem.
Cansadinhos, retorno para o hotel, pois hoje o dia valeu a pena mesmo.


18º dia - Ushuaia

Um dia para acordar com calma e sair para passear.
Fomos ao centro comprar uns "regalitos" ... compras não é nosso forte em viagens.

Almoçamos no Restaurante Chicho, quase às 15:00h e quase fomos expulsos, não gostamos.

Uma voltinha para trocar o óleo do carro e rumamos ao Glaciar Martial.
Subimos bastante de carro e depois só à pé.
Fomos nós três, porém na metade do caminho, a Angela e o Didi resolveram voltar. Olharam a encosta do morro com a trilha a subir e se apavoraram.
Segui sozinho... eu e meus pensamentos.

Tenho pavor de altura e não sei como consegui subir toda montanha.
A trilha é muito íngreme e cansativa.

Toquei no gelo glacial por nós três.
A vista lá de cima é muito linda.









Na descida nos encontramos na casa de chás chama da La Cabana. Parece uma casinha de bonecas.



Jantamos em uma parrilla muito boa e fomos dormir... amanhã é estrada.


19º dia - Ushuaia

Último café da manhã em Ushuaia, carregar o carro e partir rumo a Rio Gallegos.

Atravessar as montanhas dos Andes é muito lindo.

A caminho de Rio Gallges, a 100 km de Ushuaia, fica uma cidadezinha chamada Tolhuin.

Vale a pena entrar e ir na Panadería La Unión.
Tradicional ponto de parada para um lanche.



Asfalto, rípio, aduana argentina, aduana chilena, travessia do Estreito de Magalhães, aduana ... 10 horas para percorer 600 km é um saco.


20º dia - Rio Gallegos / Comodoro Rivadavia - 790 km

Saímos pela Ruta 3 rumo à Comodoro Rivadávia. Estrada muito bonita, mas já movimentada, não estávamos mais acostumados. Este "movimentada" jamais compare com as do Brasil.

Chegamos à Comodoro à tardinha.
Esta cidade é forte na exploração de petróleo.
Fica no litoral, porém as praias são todas de pedras, lages, sem condições de banho.
O mar é muito azul , ma o vento tradicional da Patagônia, sopra forte.


21º dia - Comodoro Rivadávia / Puerto Madryn - 441 km

Pegar a estrada rumo à Reserva Provincial Punta Tombo, para visitar os pinguins.
Um dia ensolarado, voltou o calor depois de tanto frio.

Da Ruta 3, entra-se na Ruta 1 em direção ao litoral. São 60 km até a reserva, 38 km de asfalto e 22 km de rípio (não aguentamos mais rípio).

O parque é uma organização típica das reservas da Patagônia.

Paga-se o ingresso e entra no museu que fala sobre a fauna e flora da região. Nota-se que aqui , em primeiro lugar vem o direito dos animais e da flora.

Depois você pega uma van que te leva até a pinguineira.
Ao descer, um guia passa as informações de como se comportar dentro do parque.

Neste período, os pinguins que habitam esta região, são os Magalhanes.
Eles vem do sul para esta praia para se reproduzirem e os filhotes se desenvolverem.
É muito emocionante ver eles assim, tão próximo em sua vida natural.
São muitos, mas muitos mesmos.
Surfando nas ondas, chamando parceiros, cuidando das crias... de repente um guanaco passa correndo e encontra-se também várias emas descansando na sobra dos arbustos, tudo muito próximo da gente.





















 






Apesar do calor, foi um passeio inesquecível.
Nos divertimos muito com os pinguins.

Voltar para a Ruta 3 rumo à Puerto Madryn.

Chegamos à tardinha.
Procurar hotel e sair para passear.

Na praia tem um enorme pier bem bom de passear, curtir a vista da cidade e ver os leões marinhos.

Fomos jantar em um restaurante maravilhoso chamado Chonas, vale muito a pena.


22º dia - Puerto Madryn

Dia de passeio sem compromisso, vagar por Puerto Madryn.
Almoçar no Chonas ...

Tentamos ir à Penísula Valdez, mas não deu muito certo. Erramos o caminho, pegamos rípio novamente, que não aguentamos mais e além do mais o combustível estava acabando e resolvemos voltar.

Jantar onde ?  Chonas, óbvio... (risos)


23º dia - Puerto Madryn / Santa Rosa - 800 km

Agora realmente começa o retorno.
Apesar de estarmos um pouco cansados de tanto tira mala, bota mala, continuaríamos viajando.

Estrada boa, mas já mais movimentada.

Cuidado com a gasolina. A Argentina está passando dificuldades de abastecimento.
É comum chegar no posto e não ter gasolina ou a fila ser enorme para abastecer.

Chegada à Santa Rosa à tardinha.
Depois de rodados 10.000 km, vimos o primeiro acidente, graças à Deus, apenas ferimentos leves.


24º dia - Santa Rosa / Colón - 837 km

Acordar cedo, depois de uma noite mal dormida em função do barulho, pegar a estrada.

Voltou as fazendas lindas.
Girasóis, plantações, flamingos, gado, gado, gado... enfim outrsa paisagens.

Chegamos à Colón às 19:30 hs.
Nesta parte da Argentina a gasolina já não é mais tão barata, quase o preço do Brasil.

Jantar no Restaurante Bocatto, muito bom, principalmente o sorrentino de jamón e queso.

25º dia - Colón / Porto Alegre - 845 km

Partir cedo, fazer a aduana e entrar no Uruguai. São 330 km até Rivera / Livramento.
Mais 500 km até Porto Alegre e estamos em casa.

Pior parte é entrar na BR 290 e retornar às nossa estradas malucas, cheias de caminhões, ultrapassagens , curva... estressante.

Vamos sentir saudades e vontade de voltar a diversos lugares que estivemos e outros mais que faltaram conhecer.

Como é bom viajar ...
 A Patagônia é muito linda, deslumbrante, apaixonante.

Valeu cada km rodado, cada rípio (alguns de assustar).. Tudo ótimo!

COMEÇARÍAMOS TUDO DE NOVO, SÓ QUE AGORA LEVARIA NOSSA MARININHA JUNTO.

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- 11.800 km rodados
- mais de 1.000 km no rípio
- mais de 25 garrafas de vinho ... como é bom o vinho argentino
- muitos animais na beira da estrada: guanacos, gambás, ratos, raposas, emas ...
- um parabrisa quebrado
- nenhum pneu furado
- um farol queimado
- cinco passarinhos atropelados
- um kg de erva mate 


 Contatos:
                 SERGIO AUGUSTO SBABO
                 s.sbabo@terra.com.br